sábado, 17 de setembro de 2011

Balanço da Semana da Educação

Infelizmente, vi apenas quatro palestras, as que ocorreram à tarde. Claro, não foram tão democráticas quanto eu gostaria. Não houve um debate aberto com as pessoas da sala, como nunca ocorre nas palestras dadas na USP. Entretanto, as palestras organizadas pelo cappf (Centro Acadêmico Professor Paulo Freire) chegaram bem mais perto disso. Nas palestras organizadas pela faculdade (geralmente) as pessoas ostentavam uma fala rebuscada e falavam para uma plateia bem mais entendida do assunto. Quem comentava tinha uma fala estensa que também ostentava uma fala rebuscada. Não havia paixão nas discussões.

Não sei se apontei isso ou não, pois eu duvidade um pouco na sua ida, mas o ministro da educação, Fernando Haddad, esteve lá. Sim! Eu vi uma palestra com o atual ministro da educação! Há, e o reitor da universidade, o famoso João Grandino Rodas, não se fez presente, como o esperado. Mas os fatos que ocorreram naquele dia merecem, por si, uma postagem apenas para discutí-los.

Hoje, por passar a noite conversando com meu namorado, minha amiga e minha ex professora de história, não consegui ir na palestra que queria muito: uma palestra com Rui Beisiegel sobre Paulo Freire. Para me defender fortemente, e como acredito que o leitor já tenha percebido que sou assumidamente de esquerda, estávamos discutindo política e como, hoje, está morta. O que também merece outra postagem, e que tem TUDO a ver com educação. Bom, a questão é que, provavelmente, perdi a melhor palestra dessa semana. Portanto deixo esse balanço incompleto. E deixo minha tristeza por não ter visto amigos e colegas de outras áreas, que não a educação, aparecerem nas palestras, se não para a palestra com o ministro, para vê-lo. Claro, não fui a todas, se alguém contestar o que disse seria muito bom!

A população ainda não percebeu que a educação é uma questão sua. E que, se não tomar as rédas da educação, como já falei em posts anteriores, nada, NADA, irá mudar! A educação está caminhando para a privatização, está virando mercadoria pura! E esse é o caminho ""natural""! Se não lutarmos contra, a educação continuará a ser pensada pelos setores mais conservadores da sociedade, pelos empresários, e também, assim, nada, NADA nesse Brasil conservador irá mudar!!


É isso! E o que fazemos com isso?

8 comentários:

  1. "É isso! E o que fazemos com isso?"

    :) Lembrei tanto da nossa peça.

    Enfim, Ta, gostei do post.

    Marina Lavrador

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  2. O pior de tudo é que ando tão perdida, politicamente, inclusive. O que fazer? O que significa dizer "sou assumidamente de esquerda"? Tenho visto algumas ações "de esquerda", dentro da própria universidade, que não fazem sentido nenhum para mim. Estou me sentindo estagnada, atualmente, desiludida. O que significa ser de esquerda? Como mudar algo de fato?

    Beijo, Marina Lavrador (de novo)

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  3. Infelizmente coloco-me no grupo nos que não fui, embora quisesse muito. Mas essa semana foi tão puxada para mim. Espero que tenha mais eventos desse tipo, tanto para que possa ir, mas principalmente para que o debate, ainda que não seja democrático como deveria, se fortaleça, ganhe voz e se manifeste. Quem sabe não somos o próximo Chile.

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  4. Má,

    Tinha escrito a resposta, e perdi tudo quando cliquei em postar. Acho que serei mais sucinta por isso...

    Havia escrito que quando escrevi que sou assumidamente de esquerda também me fiz a mesma pergunta: "mas o que é ser de esquerda?"

    Para o PSOL (pelo menos para os membros que conheci), por exemplo, para se ser de esquerda, não se deve lutar por um mundo "melhor" dentro do capitalismo, pois dessa forma se estaria impedindo a revolta do proletariado e, consequentemente, a sua revolução. Não acredito que esse seja o caminho. Também não acho que, para se ser de esquerda, necessariamente é necessário participar de um grupo; Apesar de eu acreditar que só faremos a mudança de fato juntos. O indivíduo é muito fraco, e suas possibilidades de ação não são estruturais.

    Pra mim, Má, ser de esquerda é ser a favor de um projeto político. Não estou falando de receitas prontas, milagrosas, de sociedade. A época do determinismo já passou, mas muitos grupos de esquerda ainda seguem essas ideias como verdades inquestionáveis. O projeto que eu, Taís, acredito que a esquerda defende é o projeto de igualdade. Não igualdade de direitos, como o capitalismo defende, nem que todos as pessoas sejam iguais, como a direita pintou a igualdade comunista, mas uma igualdade de voz, de oportunidades, uma igualdade libertadora. Acredito que a esquerda deva defender a liberdade de expressão. A não mercantilização do mundo (que acarretou em transformar a educação e o homem em mercadoria). Lutar contra a lógica do capitalismo que desumaniza o homem, o faz apenas um comprador e vendedor de sua força de trabalho, que aumenta as desigualdades.

    Enfim, acho que é isso (e um pouco mais que não me veio a cabeça agora), que é ser de esquerda. Acho que os movimentos sociais estão se afastando disso e apenas seguindo uma receita, sem olhar a sua volta. Não sei como mudar algo. Mas de uma coisa estou certa, e concordo com o Paulo Freire, que, para haver essa mudança democrática, só mesmo com o diálogo.

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  5. Ta!

    Cara, a sua responta foi tão linda! É tão bom ouvir isso de alguém! É exatamente isso que sinto! Exatamente! Todo esse determinismo já passou, é bizarro que as pessoas continuem tão ligadas a ele que não consigam questionar, fazer novos caminhos, olhar a sua volta! Eu adorei mesmo o que você escreveu! É bom saber que alguém pensa parecido comigo (porque você pensa, eu concordo com tudo o que você escreveu, sério! tudo!). :)

    Beijo

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  6. Michel,

    Eu acho que o pior não é não ir, pois todos nós estamos postos em uma realidade que nos impede de participar politicamente o tempo inteiro, mas o que eu acho ruim é ignorar o assunto, e te conheço para saber que você não faz isso! Acho que a nossa maior luta (e a que deve ser a primeira) é discutir e entender o assunto, e não há limites para isso...

    E espero tomarmos consciência como, sim, o Chile! Em que a população, que agora se junta aos estudantes (pelo que ouvi falar, me corrija se estiver errada) percebeu do que estava sendo feita a sua educação... Assim conseguiremos mudar!

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  7. Ah, Má!

    Tinha escrito uma coisa que esqueci de reescrever na resposta...

    Acho que o que podemos fazer hoje é não nos deixarmos enganar, levar pela corrente... Questionar e perceber a ideologia dominante e as suas formas de dominação, para, assim, agir. Se já percebemos algumas formas de dominação, podemos agir, como acharmos que é certo, contra elas. Conversando, dialogando com as pessoas. Para então agir, juntar mais pessoas para a luta. Se, por exemplo, percebemos que a educação está sendo precarizada por conta dos sistemas apostilados, devemos lutar contra isso de todas as formas possíveis (digo possíveis pois há limites no indivíduo...)

    Uff, acho que é isso.

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  8. Taís, estou conhecendo melhor essa realidade. É tão ruim não poder nos integrar absolutamente a tudo que acreditamos. Queria ter muito mais tempo para participação política e estudar todas as coisas que quero (rs).

    Exatamente, Hannah Arendt dizia que a discussão e o entendimento é o primeiro passo da política. Acrescento que mais que isso, discutir e entender é fundamental. Para mim a educação é política. Penso que a educação, em potencial transformador, não deve ser só discutida como política pública, ou seja, um objeto da política, mas como sujeito da política, aquela que debate, age e transforma.

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