segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cineclube Philokyne

Gente,
o Professor (Doutor) Marcos Sidnei Pagoto organizou esse evento que achei bem bacana e instigante. Divulgo aqui!



sábado, 17 de setembro de 2011

Paulo Freire - primeiras palavras

Comentei em certo momento que, nesse semestre, estou fazendo uma matéria sobre o Paulo Freire. Pois é, é preciso tempo para maturar as ideias e nos apropriarmos do conhecimento. E acho que só agora posso compartilhar algumas ideias impressionantes desse homem.

Gosto de começar dizendo que Paulo Freire via na sociedade opressores e oprimidos, e a partir dessa tese fundamentou muitas de suas ideias. Uma delas foi a de "educação bancária". Mais do que discutir um método pedagógico, ele via na educação uma forma de dominação política. E por isso acredito que seja tão encantador, pois ele não é um técnico, mas sim um filósofo, um político.

Para Paulo Freire, a forma de dominação do opressor ocorria com a famosa educação bancária. O que ocorre nessa educação é a liquidação do sujeito. Isso ocorre pois, nesse tipo de educação o professor despeja no aluno informações que ele apenas decora, e assim, não se faz sujeito. O aluno se vê, se aceita esse tipo de dominação, como passivo, como inferior, que deve aceitar e decorar todas essas informações, que por muito tempo foram chamadas de conteúdos; e isso por muito tempo foi chamado de educação.

Pelo contrário, a educação libertadora levaria o aluno a se apropriar dos conteúdos de forma a percebê-los como uma importante constituição da sua vida. E o professor, nesse caso, não mais uma ferramenta do opressor, mas sim um professor aberto ao diálogo e que aprende como o aluno. Isso ocorre por meio do diálogo. Diálogo, que é também, política, a verdadeira, democrática, política. Em que todos têm voz com o mesmo peso. Enfim, a educação libertária é bem mais complexa, mas é por esse caminho que a estou entendendo.

Essa discussão se encontra em "A Pedagogia do Oprimido"


Sobre outro livro que li um pouco, "Pedagogia como Prática de Liberdade", Paulo Freire traça a história orpimida do Brasil para mostrar como o nosso povo foi calado. E isso resultou no mutismo que temos hoje, e que tínhamos desde a época da colonização. Paulo Freire acredita que, para que ocorra a verdadeira exepriência democrática, as pessoas devem "aprender" a concebê-la. Como seremos democráticos, exigiremos a nossa voz, se nunca tivemos essa experiência?! Nem sabemos que isso sequer existe!!! Mas ainda do que nos outros países, nem sabemos o que é política e participação democrática. Quero dizer, o país como um todo! Parcela da população ainda sentiu, provavelmente, na época da ditadura, quando juntos lutaram por uma sociedade melhor. Mas hoje e ontem, não.

Sobre isso, Paulo Freire deu uma saída: a educação libertadora. Mas me pergunto: como chegar na educação libertadora para todos nessa situação alarmante? Eu. não. sei.



Balanço da Semana da Educação

Infelizmente, vi apenas quatro palestras, as que ocorreram à tarde. Claro, não foram tão democráticas quanto eu gostaria. Não houve um debate aberto com as pessoas da sala, como nunca ocorre nas palestras dadas na USP. Entretanto, as palestras organizadas pelo cappf (Centro Acadêmico Professor Paulo Freire) chegaram bem mais perto disso. Nas palestras organizadas pela faculdade (geralmente) as pessoas ostentavam uma fala rebuscada e falavam para uma plateia bem mais entendida do assunto. Quem comentava tinha uma fala estensa que também ostentava uma fala rebuscada. Não havia paixão nas discussões.

Não sei se apontei isso ou não, pois eu duvidade um pouco na sua ida, mas o ministro da educação, Fernando Haddad, esteve lá. Sim! Eu vi uma palestra com o atual ministro da educação! Há, e o reitor da universidade, o famoso João Grandino Rodas, não se fez presente, como o esperado. Mas os fatos que ocorreram naquele dia merecem, por si, uma postagem apenas para discutí-los.

Hoje, por passar a noite conversando com meu namorado, minha amiga e minha ex professora de história, não consegui ir na palestra que queria muito: uma palestra com Rui Beisiegel sobre Paulo Freire. Para me defender fortemente, e como acredito que o leitor já tenha percebido que sou assumidamente de esquerda, estávamos discutindo política e como, hoje, está morta. O que também merece outra postagem, e que tem TUDO a ver com educação. Bom, a questão é que, provavelmente, perdi a melhor palestra dessa semana. Portanto deixo esse balanço incompleto. E deixo minha tristeza por não ter visto amigos e colegas de outras áreas, que não a educação, aparecerem nas palestras, se não para a palestra com o ministro, para vê-lo. Claro, não fui a todas, se alguém contestar o que disse seria muito bom!

A população ainda não percebeu que a educação é uma questão sua. E que, se não tomar as rédas da educação, como já falei em posts anteriores, nada, NADA, irá mudar! A educação está caminhando para a privatização, está virando mercadoria pura! E esse é o caminho ""natural""! Se não lutarmos contra, a educação continuará a ser pensada pelos setores mais conservadores da sociedade, pelos empresários, e também, assim, nada, NADA nesse Brasil conservador irá mudar!!


É isso! E o que fazemos com isso?

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Semana da Educação na USP (setembro de 2011)

Olá você!

Estou escrevendo especialmente para te convidar para a semana de educação da Faculdade de Educação da USP!

Meu argumento: você sabe que a escola pública está muito ruim, mas provavelmente faz pouco ou nada que a mudaria. Ao mesmo tempo, nem sabe porque está assim, não sabe por onde começar, mas acredita que deveríamos sair dessa situação.

Hora de nos reunirmos para debater!!


Não sei exatamente como serão as palestras, sinceramente, mas espero que sejam abertas para debates, pois aí acredito que estaria o sentido desses encontros. O que ocorre hoje é que um fala e o outro escuta, e é esse o motivo de a educação estar como está! Tanto em nível de sala de aula como em nível nacional. Por isso...

Vamos!

A programação está nesse endereço:

As mesas começam na segunda da semana que vem!

Nos vemos!



sábado, 13 de agosto de 2011

Caso sem Acaso - O Professor Desvalorizado/Assassinado

Ontem me aconteceu algo que me deixou muito perturbada. Não só por terem tentado me ofender pessoalmente, mas porque, bom, não adianta adiantar. Vou contar mais ou menos como foi...

Estava eu, saindo do coral (que foi o máximo), indo comer uma tapioca com o pessoal do coral. Uma menina estava com uma daquelas camisetas de evolução, e eu pedi para ver. A camiseta era uma "desevolução", o homem ia abaixando, até ficar de joelhos, rezando, e no final tinha uma cruz. A legenda era: "evolução". Minha reação foi dizer "ah". Sabe, não fui muito convincente, até porque não sou boa nisso. Me preocupa pessoas religiosas demais, a religião interferindo no Estado e tirando direitos das pessoas, como a liberdade de serem homossexuais. Ou de não serem virgens. Enfim, por isso disse "ah". Mas a minha colega, que apesar disso era bem simpática antes, mudou muito, e começou a dizer que eu achava nada demais, que achava ridículo, ou algo assim, etc, etc. Quando fui explicar que não era religiosa, por isso a minha reação, ouvi: "é, eu poderia ter dito "ah" quando você disse que fazia pedagogia, mas eu não fiz isso".

Sim, se você está tão chocado quanto eu, acho que ainda terei esperança no mundo, porque isso faz a gente desanimar um pouco. Sobre isso, refleti sobre os motivos para uma pessoa dizer "ah" quando você diz que faz pedagogia e cheguei a uma conclusão:

- Você diz "ah" quando se imagina no lugar dessa pessoa, professora, ganhando mal para, desculpe, caralho, se esforçando muito e tendo quase nada em troca.

Porque eu não acho que "ah" signifique "acho que professores são inúteis no mundo": simplesmente porque a educação é a área em que as pessoas mais colocam fé (desculpe o trocadilho) que poderá fazer uma mudança, no nível do sujeito ou no nível do mundo. Enfim, não preciso nem comentar todos os aspectos educacionais da religião, porque você vai ser educado na Igreja, por mais que não perceba.

E isso me deixou muito triste. Ia até escrever sobre outro assunto hoje, mas não consegui. Porque isso mostra claramente a desvalorizaçãodo professor. Por mais que se "tenha fé" nele, não vale a pena que ele ganhe bem, é "só um professor". É "só cuidar de criança". Bom, novidadeee! Não é isso! É só ler algumas postagens que já dá para perceber a complexidade ética, política, didática, est, etc, da educação! O curso de pedagogia, em si, já está muito desvalorizado, justamente por esse impacto que causa na sociedade.

Fico de luto quando vejo pessoas que pensam assim, pois estão matando o professor. Estão matando a educação.



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A Educação do Indivíduo - Reflexões

Lendo Platão, depois de ler "cada um de nós não é semelhante a cada um dos outros, mas, por natureza, é diferente, sendo um feito para realizar um trabalho e outro para um outro" (PLATÃO, Livro II, 370a, A República), me peguei pensando pelo caráter individual que a nova pedagogia adota. Por favor, não estou dizendo que é em nada semelhante ao que Platão imaginava, na verdade é o contrário do que ele imaginava, em que uns nasceriam para ser filósofos, outros guardas, etc, etc. Disso veio apenas a inspiração para tais reflexões.

O que me intrigou foi pensar que, apesar de inovadoríssima, a nova educação é filha do nosso tempo. Veja, quando pensamos que cada um é diferente, portanto deve ser educado de um certo jeito, diferente de todos os outros, ressaltamos a individualidade do sujeito, com o perigo de cair no individualismo. Por outro lado, se cada um é diferente, todos são iguais. Todos mereceriam a mesma chance de serem educados de acordo com as suas características pessoais, portanto não haveria mais casos de fracasso escolar, pois todos sabem aprender, e não haveria mais crianças excluídas da escola.

Não acreditamos mais em uma essência humana, de que outra forma a modernidade poderia pensar a igualdade da educação, dos homens, se não assumindo que todos são diferentes, porém, por isso, iguais? Não é mais possível educar um "modelo de homem", pois essa idéia já foi derrubada nas ciências humanas. Não há mais uma "essência humana" para se educar, o homem nasceu nú.

Por outro lado, poderíamos fazer uma ponte com a modernidade. Somos movidos pelo indivíduo, pelo individualismo. Essa nova educação não seria fruto desse novo paradigma? Ou apenas está tentando fugir dele, assumindo uma igualdade pela diferença?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

De volta!

De volta das férias, voltando para a faculdade. Nesse semestre me inscrevi em uma matéria sobre o Paulo Freire, com a professora Lisete (muito boa!), portanto espere muitas reflexões sobre ele! Também estou fazendo uma matéria com a professora Gilda (filosofia) sobre o Platão. Começamos, no primeiro dia de aula, a refletir sobre justiça, e sobre como seria a escola justa. Um ótimo exercício! Dificílimo, quase impossível, diria; pois o Platão conseguiu fazer isso se baseando numa verdade (a verdade, a sabedoria plena). Mas e se ela não existir ou se não a alcançar-mos? Seria justo impor algo aos cidadãos que não seja algo universal, mesmo admitindo que são todos diferentes? Para se refletir...

Enfim, também faremos POEB II, e vamos implementar em um colégio de EJA um projeto criado por nós. Acho que vai ser bem desafiador! Por enquanto o projeto é apenas ajudar a reorganizar a biblioteca, mas estou querendo sugerir para o grupo organizar um grêmio com os alunos, para que eles ajudassem no projeto e se envolvessem... Acho que seria bem interessante!

Por fim, Coordenação do Trabalho na escola II. Ainda não sei exatamente como será!


Espero que esse semestre seja rico em discussões e reflexões!

domingo, 10 de julho de 2011

Férias!

Leitores, felizmente vou viajar nessas férias. Por isso o blog ficará sozinho, provavelmente (infelizmente)...

Mas voltará logo no começo das aulas!
(Adoro ser universitária e ter férias grandes...)





Para todos que tiverem, boas férias!
Para os que não tiverem, eu acho que as férias obrigatórias deveriam ser maiores, vocês não?
Todo mundo merece descansar!

Até!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Porque um bom salário para os professores é essencial para uma educação de qualidade

Em outra postagem já havia indicado o link do vídeo em que a professora Amanda Gurgel dá em uma audiência pública no RN o seu depoimento:



Esse depoimento é perfeito para começar a discussão.

O trabalho do professor, apesar de por muitos ser considerado "tomar conta de criança" é muito mais refinado do que se espera. É um trabalho, acima de tudo, educacional. Para tal, exige planejamento, além de tempo e muita disposição, pois dar uma boa aula (e sou prova disso) exige a atenção do professor o tempo inteiro a cada aluno. Vá, para que algum empresário me entenda, é como se você tivesse que verificar o trabalho de 30 funcionários ao mesmo tempo, verificar o seu entendimento sobre o que estão fazendo e se estão produzindo (no caso da escola, se estão produzindo conhecimento). Tudo isso no mesmo tempo no horário de meio período, sendo que há história, geografia, matemática, português, ciências (para os pequenos), biologia, química, física e ciências sociais para serem ensinados. E a escola deve garantir que esses alunos aprendão, se não seus direitos não estarão sendo cumpridos.

Ufa! Acabei de escrever.

Entende? Para o professor conseguir o seu papel, como falei, precisa planejar (e ter tempo para tal), e disposição para executar!

Apesar de não ser reconhecido, o professor, como o meu antigo professor de filosofia (Marcos) dizia, deve ser um intelectual. Sem esse trabalho refinado, a educação será falha, é óbvio! Pois a tarefa de ensinar e fazer com que os alunos entendam é demorada e exige grandes conhecimentos sobre como isso ocorre (para que todos sejam incluídos - post "A Escola pra Todos") e TEMPO. Sem tempo, o professor não descansa, não planeja uma boa aula e não analisa a sua aula. E não é uma boa realidade a que temos na escola pública, como vimos no depoimento da professora Amanda Gurgel.

A realidade que temos, infelizmente, é que o professor de escola pública, com esse salário ridículo, tem que trabalhar dois ou três períodos para ter uma vida digna, e sabemos que em São Paulo viver está cada dia mais caro. Eu que o diga, pois agora, planejando um futuro, estou vendo que posso passar por muitas dificuldades. Portanto, o professor chega em casa exausto, depois de dar aula em duas escolas, depois de passar o dia gritando com os alunos em sala de aula, já que não tem tempo pra pensar de um jeito melhor de chamar sua atenção, depois de perder o bônus porque não conseguiu alcançar uma nota melhor do que no ano passado, e o que você espera que ele faça? Ligue a TV para se desligar, é óbvio! E o planejamento da aula, tchau!

Quando você está cansado, trabalhou o dia inteiro, o tempo inteiro, qual é a sua vontade de trabalhar mais?

Do jeito que as coisas estão organizadas, a carreira que não melhora quase nada horizontalmente, o professor é obrigado a trabalhar o dobro do que deveria (sem contar que tem que corrigir provas em casa - e que deveria planejar as próximas aulas, sem falar em estudar continuamente a matéria que vai dar para os alunos, que esqueci de falar; porém dessa forma que vimos, é humanamente impossível). E o seu trabalho pedagógico é mal-feito, e as crianças de escola pública têm uma péssima educação de qualidade, e é aumentada a dualidade do ensino (sim, esse termo é decorrente nesse blog). Porque todos deveriam ter direito a uma educação de qualidade, para a vida, e sabemos que isso não acontece. E queremos mudar essa realidade! E sempre comentamos que o ensino público brasileiro é ruim.


Mas, infelizmente, sem a conscientização da população (vide post "A Escola Democrática), essa realidade não poderá ser mudada. Precisamos de todos na luta a favor da qualidade da educação na escola pública!


quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Papel da Educação (Continuando a discussão)

Bom, como foi discutido, para se falar de educação de qualidade, ou da educação que queremos, é necessário estabelecer o fim da educação, o que queremos com ela, o seu papel na sociedade. E, como você já deve ter percebido, isso não é nada fácil, e pode se tornar contraditório se não tomarmos cuidado.

Falamos de poucas visões de qual deveria ser o papel da educação, duas delas que a educação deveria ser vista como um investimento que levaria o "educado" a ter uma vida econômica melhor depois de estudar. Para muitos, esse é o fim da educação.

Ainda com esse enfoque, depois de perceber a dualidade do ensino (que separava em classes sociais o seu público), alguns autores começaram idealizar uma educação mais justa, que tentaria acabar com a dualidade, dando as mesmas condições à todas as crianças para que saíssem da escola "no mesmo nível", para tentar acabar com a desigualdade escolar entre ricos e pobres. Seria essa a finalidade ideal da educação?

Suponhamos que isso fosse possível e que fosse aplicado. As crianças entrariam na escola, de diferentes classes sociais, com todas as suas diferenças, e sairiam da escola com o mesmo conhecimento, o mesmo grau de cultura, as mesmas capacidades para passar no vestibular. O que iria acontecer no final? Poucos iriam virar muito ricos, a maioria seria pobre ou de classe média. Vê? A educação, dessa forma, foi realmente transformadora? Talvez tenha sido mais justa, mas não houve nenhuma mudança estrutural. Ainda há diferenças sociais, ainda são poucos os que são ricos, e, no caso do nosso querido Brasil, os ricos são muito ricos, enquanto os pobres são muito pobres.

Imagine uma criança que é "treinada" para ser um bom aluno, para que esse investimento da educação faça com que ela tenha sucesso. Ela está sendo preparada para questionar o mundo em que vive? Ou apenas aprende que, infelizmente, o mundo é assim, e nada pode ser feito para mudá-lo? Quero introduzir uma outra visão do papel da educação, a educação libertadora, pensada, também, por Paulo Freire. Mas não gostaria de falar sobre ele, pois nunca o estudei a fundo, então me resumirei a falar da ideia geral de quem tem esse paradigma para a escola.

A educação, para alguns, deveria ser pensada para formar sujeitos, ou seja, pessoas que agem, que questionam, que têm suas ideias e opiniões. É chamada de educação libertadora, pois o que pretende é dar liberdade ao seu aluno, liberdade de escolha, liberdade de ação. Mostrar para ele que o mundo não é algo natural, e, sim, histórico, construído pelo homem, portanto que pode ser modificado por ele também. O papel da educação, para essas pessoas, seria formar sujeitos históricos, que fazem história, e não que a aceitam passivamente.

Acho que fui um pouco parcial nesse discussão, não? Melhor assim, para que você, leitor, saiba com quem está falando... Inconscientemente colocaria as minhas ideias mesmo!

Enfim, acho que é muito triste pensar a educação como um simples fator que vá aumentar ou não a qualidade de vida econômica de uma pessoa... Hoje, sabemos que isso é real, mas a educação deveria ser definida por isso? Porque o ideal seria formar pessoas ricas ao invés de cidadãos pensantes? Afinal, estamos aqui apenas para enriquecer?

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Papel da Educação (Começando a discussão)

Todos nós falamos que queremos a qualidade de educação. Mas sabemos o que é uma educação de qualidade?

A pergunta mais importante para se falar de educação é "Qual é o papel da educação? Qual é a sua finalidade?", pois, sem responder a essa pergunta, tudo o que falarmos sobre educação será cego, já que não se sabe aonde você quer chegar com ela.

Por exemplo, supomos que eu sou um professor e quero dar uma boa aula, pois acredito que os alunos merecem uma boa aula. Mas o que seria uma boa aula? Para alguns, uma aula que fará os alunos passarem no vestibular, para outros, uma aula que fará com que os alunos tenham senso crítico, ainda, para outros, uma boa aula seria a que prepararia o aluno para o mercado de trabalho. Ha, para Rousseau, uma aula que interferisse o mínimo possível na "natureza" do homem...

Infelizmente, por mais que se deseje que uma boa aula contenha tudo isso, a maioria das definições de uma aula boa se contradizem, essas se contradizem, se analizarmos de perto. Uma, a primeira, acredita que a finalidade da educação é "investir" no aluno para que ele possa competir com os outros para entrar numa universidade boa, que vá lhe trazer, no futuro, bons ganhos, ou seja, grana. Normalmente, quem pensa na educação para passar no vestibular, infelizmente, são apenas as classes altas, que tem possibilidade de passarem pelo filtro (ou funil) que é o vestibular.

A terceira definição, que prepararia o aluno para o mercado de trabalho, infelizmente, também, está presente no ideário das classes mais baixas, que não tem esperança de que vá passar em um vestibular ou pagar uma universidade privada. Aqui, escancara-se a dualidade do ensino brasileiro, que, apesar de ter conseguido colocar a grande maioria das crianças na escola básica, ocorre na passagem do E.M. para a faculdade. Essa visão, entretanto, de preparar o aluno para o mercado de trabalho, também é uma visão que vê a educação como um investimento, percebe? Quem acabar a escola básica bem feita, terá um "investimento", que aumentará as suas chances de um bom emprego, se falar bem, escrever bem...

Para resolver o problema da dualidade do ensino, vários autores pensaram em como diminuir a desigualdade nas escolas, autores que provavelmente aparecerão ao longo do blog. Autores, como Bourdie, que explicaram como ocorre a dualidade, e tentaram resolvê-la.

Mas o que queremos para a educação é somente isso? Preparar "Another Brick in the Wall"*, para citar Pink Floyd? Dessa forma, pensando a educação apenas um investimento para com que todos tenham a mesma chance de competir no mercado de trabalho de forma "igual", reduzimos o que significa a palavra educação.


(Continua no próximo post...)




*Postei um vídeo deles com essa música, muito bom! Está no post "Escola para Todos"

terça-feira, 28 de junho de 2011

Faculdade em contradição...

Durante o curso, fala-se da importância do diálogo dos professores, da discussão sobre o Projeto Pedagógico da escola, da gestão democrática da escola, etc. Mas, ainda assim, os professores não conseguem conversar entre si para não acumular TODOS os trabalhos (e de estágio!) para a última semana de aula. Se eles tivessem parado um dia para conversar e trocar os calendários dos cursos, isso não teria acontecido...
Fica aqui a minha revolta, porque fiquei o dia inteiro escrevendo um trabalho que acho que ficou horrível, no final. Não fui clara, confundi idéias, e ainda não percebi que além do termo "gestão democrática da escola", havia o termo "escola democrática". Pronto, errei uma questão, que, alias, se fosse o que eu havia pensado, teria ficado ótima. Boa. Não adianta chorar pelo leite derramado, não é mesmo?
Ainda não terminei o relatório de estágio dessa última matéria, a mais exigente desse semestre. Estou acabada, exausta de tanto pensar, não aguento mais fazer relações!
Tudo isso só para dizer que nenhum aluno é de ferro, todos os professores sabem disso, mas não conseguem nem trocar calendários para que pudéssemos fazer trabalhos melhores...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Escola democrática: a escola de qualidade

Fazer trabalhos é inspirador. Li um texto, "Gestão Democrática da Escola Pública" que, infelizmente, não explicou como seria a gestão democrática da escola pública.

Entretanto, me fez refletir na, talvez, melhor forma de combater a má qualidade da educação. Vou simplificar bastante, já que o texto trata de conceitos do Marx de trabalho, bem complicados. Mas se alguém quiser, exponho, claro!

O "clímax" do texto é quando o autor explica que as lutas sindicais que os professores estão travando, imitando as lutas dos trabalhadores de empresas privadas, está fadada ao fracasso. Isso porque, para o Estado, que não retira nenhum lucro dos professores (mais-valia), e apenas gasta com esses, é muito vantajoso que os trabalhadores parem de trabalhar e façam greves, pois aí não gastariam com os seus salários (e adiciono aqui, todo o resto que a escola gasta, luz, gás, papel, etc.). Se um trabalhador de uma empresa privada parar de trabalhar, a empresa para de produzir, e, além de não gastar com o salário dos trabalhadores, terá prejuízos.

Por isso, não adianta os professores lutarem, dessa forma, pela melhoria da educação, pela melhoria dos seus salários.

A educação é, na verdade, um serviço, oferecido pelo Estado para a população. Portanto, se não adianta os professores, sozinhos, lutarem pela qualidade de educação, não haverá mudança sem o apoio da população!! É ela que irá movimentar a mudança, por pressão política. O texto é belíssimo, farei citações:

Esse tarabalho [da melhoria da qualidade do ensino] só terá importância social que justifique a atenção do Estado de modo siginificativo, a ponto de não ter outra alternativa senão investir de modo conseqüente no provimento do ensino para a população, no momento em que as vastas camadas dessa população estiverem convencidas da relevãncia de tal serviço e se puserem a reinvindicá-lo.

(...)

O professor, entretanto, pela natureza do trabalho que exerce e pelos fins a que serve a educação, precisa avançar mais, atingindo um nível de consciência e de prática política que contemplem sua articulação com os interesses dos usuários de seus serviços. (PARO, 1997, p. 36.)

Por isso, porque o trabalho bom do professor e a qualidade da educação dependem da população, a importância da escola democrática. A escola pública, se for vista como um direito de quem utiliza seus serviços, um direito que foi pago pelo meio dos impostos, será requisitada como tal. O que se vê, hoje, é, na maioria das escolas, uma pequena participação dos pais na tomada de decisão das escolas; quem toma conta da escola, efetivamente, é o Estado, supervisores, diretores, coordenadores e professores que ganham muito mal e tem que trabalhar em várias escolas. Por isso, população, junte-se à luta por uma escola de melhor qualidade! Reivindique seus direitos! Só assim haverá a real mudança tão esperada.

Termino a postagem com uma professora, Amanda Gurgel, que lutou, em uma audiência pública no RN, pela melhor qualidade do ensino, mas que, sem o apoio da população, sua luta será em vão.

Infelizmente não consegui baixar o vídeo, acho que era muito pesado, ficou horas baixando e deu erro... Mas mando o link do You Tube: http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA

REFERÊNCIAS

Paro, Vitor H. (1997), A Natureza do Trabalho Pedagógico. In: Gestão Democrática da Escola Pública. São Paulo, Ática, p.29-37.

domingo, 26 de junho de 2011

Educação para Todos

Ontem acabei o meu trabalho sobre Educação Especial. Pra que não sabe (e já encontrei muitas pessoas próximas que não sabiam), Educação Especial é uma educação pensada para as pessoas com deficiência.
Apesar de o trabalho tratar de "pessoas especias" (ponho em aspas, pois o nome seria um eufemismo), a discussão que um ótimo livro que eu li para o trabalho, "Construindo as Trilhas para a Inclusão", desenvolveu foi muito mais abrangente.
No curso dessa diciplina discutimos o conceito de "normalidade". Bom, para existir uma coisa "normal", deve haver um "anormal", que foge aos padrões considerados normais. Além disso, a normalidade seria uma construção social, ou seja, cultural, mas que é naturalizada, por isso a consideramos uma lei natural. Tudo isso para dizer que, deficiente ou não, o "anormal" não é nada mais do que uma construção social, que pode ser modificada.
Enfim, o que o livro discute está mais relacionado com a educação. Talvez a minha geração que tenha começado a ser influenciada pela nova educação, apesar de ter vestígios da educação tradicional. As gerações anteriores, porém, foram educadas nesse modelo, massificador, normalizador, muito bem caricaturizado no vídeo do Pink Floyd, "Another Brick in the Wall" (parte 2).

O ensino estava focado no professor, no ensino, e os alunos deveriam se adequar a ele. Dessa forma, quem não se adequasse, seria um fracassado na escola. No entento, as novas pedagogias querem inverter isso, e admitir que cada um é diferente e que aprendem de formas diferentes, portanto o insucesso escolar seria porque não ensinaram o aluno da forma que ele adquiriria o conhecimento.
De acordo com autores do livro, organizado por Márcio Gomes, como José Pacheco (que pensou a Escola da Ponte, em Portugal) e Rosita Edler Carvalho, a educação tradicional seria exclusiva, tanto para os deficientes, como para qualquer outra criança. Isso, tenho certeza que qualquer geração, hoje, passou na escola. Os alunos são classificados como incapazes, burros, ou "difíceis". Enfim, para esses autores, o que precisamos é mudar o modelo de escola, para que deixe de ser tradicional e passe a se basear nas novas pedagogias, desse modo, todos deveriam aprender, e uma "dificuldade de aprendizagem" não seria mais considerada assim, mas sim uma característica particular dessa criança, que aprende diferente de todas as outras, assim como todas as outras.
Achei essa reflexão importante de ser compartilhada, pois discutimos muito o que resolveria a qualidade da educação no Brasil. Para essa pergunta, não sabemos a resposta. Mas o que percebi nesse tempo de estudo e observação da educação, é que muitas vezes a escola joga a culpa do fracasso escolar na criança, na sua família, nas suas condições materiais. Mas, de acordo com essa visão, do livro, não é por isso que a educação dessas crianças é de má qualidade, e sim pelo modos com que são recebidas pela escola. Terminei a minha parte do trabalho com uma citação que farei para vocês agora, também:
O educador não deve apresentar explicações genéticas, sociológicas, históricas ou filosóficas para explicar o insucesso. Porque, para além de produzir insucesso, muitas escolas continuam reproduzindo exclusão. A teoria dos dotes não poderá continuar sendo álibi do sofrimento de professores e alunos. As causas socioeconômicas ou sociais não são as únicas. Também há causas de origem socioinstitucional. E as escolas somente poderão identificá-las na medida em que os educadores possuam formação que lhes permitam exercer sentido crítico relativamente ao exercício de sua profissão. (PACHECO, 2009, p. 34)

Para quem quiser conhecer, aqui está o link do site da Escola da ponte: http://www.escoladaponte.com.pt/

E o endereço no facebook:

http://www.facebook.com/escoladaponte?ref=ts

REFERÊNCIAS:

PACHECO, J. Berços da desigualdade In: Construindo as Trilhas para a Inclusão, São Paulo, Editora Vozes, 2009

EDLER, R. A escola inclusiva como aquela que remove barreiras para a aprendizagem e para a participação de todos In: Construindo as Trilhas para a Inclusão, São Paulo, Editora Vozes, 2009

sábado, 25 de junho de 2011

Diferença

Sempre me vêm idéias, penso em escrevê-las, mas nunca faço. Nem sei se farei!
Dizem que a minha geração perdeu o costume de escrever, e estão certos. Escrevemos, o que, 300 caracteres no twiter? Sinceramente, nunca usei isso... Nem sei como funciona. Talvez não faça parte da minha geração mesmo... De mim, corrigindo.
Faço Educação, Pedagogia. Um, talvez "o", cursos mais desvalorizados da USP. A nota de corte quando eu entrei foi 23, e em 2011, nesse ano, 22. Ninguém quer estudar pedagogia, ninguém quer estudar educação.
Freud nos fala algo muito interessante: sem a civilização, a sua educação, ou melhor, o seu amor por cada um, teríamos morrido ou não seríamos humanos. Por isso, temos uma dívida com a humanidade, e a pagaríamos educando as crianças, cuidando dos bebês, etc. Entretanto, talvez por conta do sistema capitalista, em que competimos um com o outro, nos esquecemos disso. Querem nos fazer acreditar que podemos ser maior que a humanidade, melhor que alguém; queremos acreditar que não dependemos do outro para sobrevier. Então, se fosse assim, não haveria mais dívidas com a humanidade. Talvez por isso a educação esteja tão negligenciada.
Gostaria de dizer que sou um sujeito em formação, e que estou viva, mudando, por isso sou contraditória. Aqui você não irá encontrar um pensamento retilíneo sem incoerências, mas muitas contradições. Pois, se passasse a vida tentando ser coerente, lutaria para ser a mesma pessoa que ontem e ante-ontem. Estaria fadada ao fracasso.
Acredito que esse blog tratará de política, filosofia, cultura, educação, economia. Quem sabe o que acontecerá amanhã?