Lendo Platão, depois de ler "cada um de nós não é semelhante a cada um dos outros, mas, por natureza, é diferente, sendo um feito para realizar um trabalho e outro para um outro" (PLATÃO, Livro II, 370a, A República), me peguei pensando pelo caráter individual que a nova pedagogia adota. Por favor, não estou dizendo que é em nada semelhante ao que Platão imaginava, na verdade é o contrário do que ele imaginava, em que uns nasceriam para ser filósofos, outros guardas, etc, etc. Disso veio apenas a inspiração para tais reflexões.
O que me intrigou foi pensar que, apesar de inovadoríssima, a nova educação é filha do nosso tempo. Veja, quando pensamos que cada um é diferente, portanto deve ser educado de um certo jeito, diferente de todos os outros, ressaltamos a individualidade do sujeito, com o perigo de cair no individualismo. Por outro lado, se cada um é diferente, todos são iguais. Todos mereceriam a mesma chance de serem educados de acordo com as suas características pessoais, portanto não haveria mais casos de fracasso escolar, pois todos sabem aprender, e não haveria mais crianças excluídas da escola.
Não acreditamos mais em uma essência humana, de que outra forma a modernidade poderia pensar a igualdade da educação, dos homens, se não assumindo que todos são diferentes, porém, por isso, iguais? Não é mais possível educar um "modelo de homem", pois essa idéia já foi derrubada nas ciências humanas. Não há mais uma "essência humana" para se educar, o homem nasceu nú.
Por outro lado, poderíamos fazer uma ponte com a modernidade. Somos movidos pelo indivíduo, pelo individualismo. Essa nova educação não seria fruto desse novo paradigma? Ou apenas está tentando fugir dele, assumindo uma igualdade pela diferença?
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