domingo, 26 de junho de 2011

Educação para Todos

Ontem acabei o meu trabalho sobre Educação Especial. Pra que não sabe (e já encontrei muitas pessoas próximas que não sabiam), Educação Especial é uma educação pensada para as pessoas com deficiência.
Apesar de o trabalho tratar de "pessoas especias" (ponho em aspas, pois o nome seria um eufemismo), a discussão que um ótimo livro que eu li para o trabalho, "Construindo as Trilhas para a Inclusão", desenvolveu foi muito mais abrangente.
No curso dessa diciplina discutimos o conceito de "normalidade". Bom, para existir uma coisa "normal", deve haver um "anormal", que foge aos padrões considerados normais. Além disso, a normalidade seria uma construção social, ou seja, cultural, mas que é naturalizada, por isso a consideramos uma lei natural. Tudo isso para dizer que, deficiente ou não, o "anormal" não é nada mais do que uma construção social, que pode ser modificada.
Enfim, o que o livro discute está mais relacionado com a educação. Talvez a minha geração que tenha começado a ser influenciada pela nova educação, apesar de ter vestígios da educação tradicional. As gerações anteriores, porém, foram educadas nesse modelo, massificador, normalizador, muito bem caricaturizado no vídeo do Pink Floyd, "Another Brick in the Wall" (parte 2).

O ensino estava focado no professor, no ensino, e os alunos deveriam se adequar a ele. Dessa forma, quem não se adequasse, seria um fracassado na escola. No entento, as novas pedagogias querem inverter isso, e admitir que cada um é diferente e que aprendem de formas diferentes, portanto o insucesso escolar seria porque não ensinaram o aluno da forma que ele adquiriria o conhecimento.
De acordo com autores do livro, organizado por Márcio Gomes, como José Pacheco (que pensou a Escola da Ponte, em Portugal) e Rosita Edler Carvalho, a educação tradicional seria exclusiva, tanto para os deficientes, como para qualquer outra criança. Isso, tenho certeza que qualquer geração, hoje, passou na escola. Os alunos são classificados como incapazes, burros, ou "difíceis". Enfim, para esses autores, o que precisamos é mudar o modelo de escola, para que deixe de ser tradicional e passe a se basear nas novas pedagogias, desse modo, todos deveriam aprender, e uma "dificuldade de aprendizagem" não seria mais considerada assim, mas sim uma característica particular dessa criança, que aprende diferente de todas as outras, assim como todas as outras.
Achei essa reflexão importante de ser compartilhada, pois discutimos muito o que resolveria a qualidade da educação no Brasil. Para essa pergunta, não sabemos a resposta. Mas o que percebi nesse tempo de estudo e observação da educação, é que muitas vezes a escola joga a culpa do fracasso escolar na criança, na sua família, nas suas condições materiais. Mas, de acordo com essa visão, do livro, não é por isso que a educação dessas crianças é de má qualidade, e sim pelo modos com que são recebidas pela escola. Terminei a minha parte do trabalho com uma citação que farei para vocês agora, também:
O educador não deve apresentar explicações genéticas, sociológicas, históricas ou filosóficas para explicar o insucesso. Porque, para além de produzir insucesso, muitas escolas continuam reproduzindo exclusão. A teoria dos dotes não poderá continuar sendo álibi do sofrimento de professores e alunos. As causas socioeconômicas ou sociais não são as únicas. Também há causas de origem socioinstitucional. E as escolas somente poderão identificá-las na medida em que os educadores possuam formação que lhes permitam exercer sentido crítico relativamente ao exercício de sua profissão. (PACHECO, 2009, p. 34)

Para quem quiser conhecer, aqui está o link do site da Escola da ponte: http://www.escoladaponte.com.pt/

E o endereço no facebook:

http://www.facebook.com/escoladaponte?ref=ts

REFERÊNCIAS:

PACHECO, J. Berços da desigualdade In: Construindo as Trilhas para a Inclusão, São Paulo, Editora Vozes, 2009

EDLER, R. A escola inclusiva como aquela que remove barreiras para a aprendizagem e para a participação de todos In: Construindo as Trilhas para a Inclusão, São Paulo, Editora Vozes, 2009

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