quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Papel da Educação (Continuando a discussão)

Bom, como foi discutido, para se falar de educação de qualidade, ou da educação que queremos, é necessário estabelecer o fim da educação, o que queremos com ela, o seu papel na sociedade. E, como você já deve ter percebido, isso não é nada fácil, e pode se tornar contraditório se não tomarmos cuidado.

Falamos de poucas visões de qual deveria ser o papel da educação, duas delas que a educação deveria ser vista como um investimento que levaria o "educado" a ter uma vida econômica melhor depois de estudar. Para muitos, esse é o fim da educação.

Ainda com esse enfoque, depois de perceber a dualidade do ensino (que separava em classes sociais o seu público), alguns autores começaram idealizar uma educação mais justa, que tentaria acabar com a dualidade, dando as mesmas condições à todas as crianças para que saíssem da escola "no mesmo nível", para tentar acabar com a desigualdade escolar entre ricos e pobres. Seria essa a finalidade ideal da educação?

Suponhamos que isso fosse possível e que fosse aplicado. As crianças entrariam na escola, de diferentes classes sociais, com todas as suas diferenças, e sairiam da escola com o mesmo conhecimento, o mesmo grau de cultura, as mesmas capacidades para passar no vestibular. O que iria acontecer no final? Poucos iriam virar muito ricos, a maioria seria pobre ou de classe média. Vê? A educação, dessa forma, foi realmente transformadora? Talvez tenha sido mais justa, mas não houve nenhuma mudança estrutural. Ainda há diferenças sociais, ainda são poucos os que são ricos, e, no caso do nosso querido Brasil, os ricos são muito ricos, enquanto os pobres são muito pobres.

Imagine uma criança que é "treinada" para ser um bom aluno, para que esse investimento da educação faça com que ela tenha sucesso. Ela está sendo preparada para questionar o mundo em que vive? Ou apenas aprende que, infelizmente, o mundo é assim, e nada pode ser feito para mudá-lo? Quero introduzir uma outra visão do papel da educação, a educação libertadora, pensada, também, por Paulo Freire. Mas não gostaria de falar sobre ele, pois nunca o estudei a fundo, então me resumirei a falar da ideia geral de quem tem esse paradigma para a escola.

A educação, para alguns, deveria ser pensada para formar sujeitos, ou seja, pessoas que agem, que questionam, que têm suas ideias e opiniões. É chamada de educação libertadora, pois o que pretende é dar liberdade ao seu aluno, liberdade de escolha, liberdade de ação. Mostrar para ele que o mundo não é algo natural, e, sim, histórico, construído pelo homem, portanto que pode ser modificado por ele também. O papel da educação, para essas pessoas, seria formar sujeitos históricos, que fazem história, e não que a aceitam passivamente.

Acho que fui um pouco parcial nesse discussão, não? Melhor assim, para que você, leitor, saiba com quem está falando... Inconscientemente colocaria as minhas ideias mesmo!

Enfim, acho que é muito triste pensar a educação como um simples fator que vá aumentar ou não a qualidade de vida econômica de uma pessoa... Hoje, sabemos que isso é real, mas a educação deveria ser definida por isso? Porque o ideal seria formar pessoas ricas ao invés de cidadãos pensantes? Afinal, estamos aqui apenas para enriquecer?

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